Prazer em conhecê-la, Clarice.

O motivo, eu não sei. O fato é que a primeira vez que li Clarice Lispector foi este ano.
Confesso sem medo, um pouco embaraçada talvez, mas sinto que nós duas nos encontramos no momento certo. Encontro memorável e visceral. Sempre irei me lembrar qual foi o primeiro livro, onde estava e em que ano "conheci" Clarice.
Um amigo me disse que comecei de maneira suave. O livro escolhido A Descoberta do Mundo (Editora Rocco), contém crônicas publicadas no Jornal do Brasil, de 1967 a 1973. Alguns textos são curtos, outros mais longos, algumas histórias narradas como se fossem pequenos capítulos, uns falam ao coração, outros à razão mas todos, absolutamente todos, passam pela emoção.
Clarice é diferente de ler. É sentir. É ouvir uma amiga, que muitas vezes parece angustiada e que precisa compartilhar conosco seu olhar sobre o mundo e de que maneira esta visão tem um impacto nela. Em mim. Em você.

Nem ouso escrever um texto que nos leve à compreensão literária de Clarice Lispector. Outros com maior conhecimento no assunto já o fizeram - livros e estudos sobre ela existem aos montes!
O fascínio foi tão grande que me levou a pesquisar muito sobre ela. Sua única entrevista para a televisão é imperdível, você pode acessar aqui. Realizada em 1977, teve como entrevistador o jornalista Júlio Lerner e uma condição; que só fosse exibida após a sua morte - que aconteceria em dezembro deste mesmo ano, um dia antes dela completar 57 anos. 

Neste momento estou lendo a biografia escrita pelo texano Benjamin Moser e em paralelo estou lendo Clarice Fotobiografia (Nadia Battella Gotlib, Edusp).  O escritor americano, apaixonado por esta dona de casa (Clarice não se considerava uma escritora), deu uma entrevista na FLIP 2010 que você pode começar a assistir aqui. Ele é divertido, pesquisou muito e coloca de forma simples os sentimentos que Clarice provocaram nele.

É difícil escrever sobre ela e conseguir sair do lugar comum. Talvez este esforço nem seja necessário. Ela gostava das coisas simples.

Deixo aqui o convite para você, que assim como eu ainda não a conhece, busque informações e leituras sobre esta mulher fascinante, que nasceu numa cidadezinha chamada Tchetchelnik (Ucrânia), veio para o Brasil com menos de 2 anos, tinha língua presa e um leve sotaque nordestino (o que aumentava seu charme) e se transformou numa das maiores escritoras brasileiras.

Até a próxima,

Sylvia Beatrix

Clarice Lispector
imagem do livro: Clarice Fotobiografia
de Nadia Battella Gotlib


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