Imagem da campanha (com a curiosa folha de maconha...) |
A nova campanha publicitária do banco Itaú, em que um bebê dá gargalhadas ao ver seu pai rasgando um extrato bancário, gerou uma forte reação do setor gráfico brasileiro, que tem se empenhado desde meados de 2010 para informar corretamente à opinião pública sobre a origem do papel usado para impressão produzido no Brasil. Em janeiro, a ABIGRAF Nacional encaminhou carta à presidência e vice-presidência do banco, relatando equívocos presentes na campanha. No último dia 8, dirigentes da entidade reuniram-se com vice-presidente e diretor do banco para expor a insatisfação do setor. A ABIGRAF Nacional argumenta que o discurso sustentado no comercial, de que a suspensão dos extratos impressos pelos clientes contribuiria para “um mundo mais sustentável”, não condiz com as características da produção de papel e celulose nacional. Por meio de sua campanha “Imprimir é dar Vida”, a ABRIGAF sustenta que, no Brasil, cem por cento da produção de papel tem como origem florestas plantadas. “Não podemos aceitar que uma instituição do porte do Itaú preste esse desserviço à sociedade, transformando o papel de imprimir em vilão”, argumenta o presidente da ABIGRAF Nacional, Fabio Arruda Mortara.
Íntegra da carta:
A/C
Roberto Egydio Setúbal
Diretor-presidente do Itaú Unibanco Holding S.A.
Roberto Egydio Setúbal
Diretor-presidente do Itaú Unibanco Holding S.A.
Zeca Rudge
Vice-presidente de Marketing, RH e Relações Institucionais do Itaú Unibanco Holding S.A.
Vice-presidente de Marketing, RH e Relações Institucionais do Itaú Unibanco Holding S.A.
Paulo Marinho
Superintendente de Comunicação Corporativa do Itaú Unibanco Holding S.A.
Fernando Marsella Chacon Ruiz
Diretor Gerente do Itaú Unibanco Holding S.A.
Fernando Marsella Chacon Ruiz
Diretor Gerente do Itaú Unibanco Holding S.A.
Prezados Senhores,
Em respeito ao compromisso do Itaú Unibanco Holding S.A. com as práticas ecologicamente sustentáveis, e reconhecendo a importância da responsabilidade socioambiental no âmbito das organizações modernas, a ABIGRAF Nacional - Associação Brasileira da Indústria Gráfica traz ao conhecimento de todos algumas considerações importantes relativas à nova campanha do Itaú sobre uso consciente do papel.
Em respeito ao compromisso do Itaú Unibanco Holding S.A. com as práticas ecologicamente sustentáveis, e reconhecendo a importância da responsabilidade socioambiental no âmbito das organizações modernas, a ABIGRAF Nacional - Associação Brasileira da Indústria Gráfica traz ao conhecimento de todos algumas considerações importantes relativas à nova campanha do Itaú sobre uso consciente do papel.
A ABIGRAF Nacional identificou na campanha em questão noções equivocadas acerca do impacto ambiental do uso do papel no contexto nacional. Segue, abaixo, a transcrição do texto lido em off no filme publicitário previsto para estrear esta semana, conforme comunicado distribuído por e-mail pelo Superintendente de Comunicação Corporativa do Itaú Unibanco Holding S.A., Sr. Paulo Marinho.
“Sabe o extrato mensal da sua conta no Itaú? Com alguns cliques ele passa a ser somente digital. Com isso, você economiza papel e colabora com um mundo mais sustentável. Use o papel para o que realmente vale a pena. Mude, e conte com o Itaú para mudar com você.”
Por considerar que a frase em destaque carrega uma série de preconceitos acerca da produção celulose e papel, tomamos a liberdade de destacar alguns fatos que resumem bem o alto grau de equilíbrio e respeito ao conceito de sustentabilidade da indústria da comunicação impressa no Brasil.
De acordo com a Associação Brasileira de Celulose e Papel (BRACELPA), no Brasil 100% da produção de celulose e papel tem como origem florestas plantadas de eucalipto e pinus, todas localizadas em áreas destinadas à agricultura. Nessas florestas, as árvores são cultivadas em áreas específicas e, depois, colhidas para uso industrial. Em seguida, uma nova floresta é plantada, perpetuando o ciclo plantio/colheita. Além disso, as indústrias de papel garantem que sempre exista uma cobertura de árvores em seus terrenos.
Segundo recente reportagem de capa da Revista Super Interessante, a indústria de celulose brasileira “emite 21 milhões de toneladas de CO2, mas as florestas plantadas de pinus e eucalipto sequestram 64 milhões de toneladas de CO2. Ou seja, essa conta dá superávit – a plantação limpa mais do que polui.”
Ciente de que a transparência no trato das questões ambientais é hoje uma exigência do mercado,a Indústria Gráfica brasileira, por meio da ABIGRAF Nacional, lançou em junho de 2010 a Campanha de Valorização do Papel e da Comunicação Impressa, “Imprimir é dar vida” (www.imprimiredarvida.org.br).
A iniciativa tem como meta difundir, de modo amplo, os conceitos corretos da produção de papel destinado à impressão, mostrando que, no Brasil, esse insumo não tem relação com a destruição de florestas e devastação ambiental. Vale informar ainda que a atuação da Indústria Gráfica brasileira em prol da preservação ambiental e da redução das emissões dos GEE não se resume à mencionada campanha. É parte do planejamento estratégico da ABIGRAF Nacional e de suas regionais, bem como de seu braço técnico, a Associação Brasileira de Tecnologia Gráfica (ABTG), o apoio e organização de palestras, seminários e workshops com o intuito de disseminar as boas práticas ambientais na Indústria Gráfica. Em 2011, foram
11 palestras / seminários e um workshops realizados com estes objetivos.
A cada dois anos a ABIGRAF Nacional também entrega o Prêmio ABIGRAF de Responsabilidade Socioambiental, que tem como meta valorizar as ações ambientalmente sustentáveis no âmbito da Indústria Gráfica brasileira. Tais esforços tem refletido na crescente adesão das gráficas brasileiras às certificações ambientais, como é o caso do FSC e Cerflor, o que nos dá a segurança e o orgulho de dizer que somos hoje uma das indústrias mais alinhadas com as boas práticas ambientais no País.
Estamos certos de que os equívocos identificados na campanha em questão são fruto da disseminação, pelo senso comum, de noções pouco acuradas acerca da produção de papel no Brasil.
Por isso, solicitamos aos Senhores uma atenção especial às informações aqui relatadas, esperando que o Itaú Unibanco tome as medidas cabíveis para que a campanha em questão não obnubile ainda mais a discussão acerca da questão ambiental. Afinal, está cada vez mais claro que o verdadeiro problema ecológico de nosso tempo é como dar fim às toneladas de lixo tecnológico descartadas diariamente em todo o planeta.
Agradecendo antecipadamente a atenção dispensada, colocamo-nos à disposição do Itaú Unibanco para eventuais esclarecimentos e renovamos nosso respeito, estima e consideração.
Atenciosamente,
Fabio Arruda Mortara
Presidente da Diretoria Executiva da ABIGRAF Nacional
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